Constantino, o amigo e predileto de Deus
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Constantino o grande |
A conversão do imperador
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Constantino e Helena, protetores do cristianismo |
Hipólito de Roma – Comentário sobre Daniel
Para celebrar o 30º ano do reinado de Constantino o Grande, em 335, encarregou-se para o ato, em nome da Igreja, ninguém menos do que Eusébio, o bispo de Cesaréia. Os cristãos estavam em estado de graça perante o imperador. Depois de terem sido por três séculos perseguidos, eis que surgiu, em meio aos antigos opressores, um iluminado. Constantino convertido à nova religião, reconhecera-a em 313. Mal pôs o lacre no Édito de Milão, a pesada mão de Roma deixou de abater-se sobre os seguidores de Jesus. Dera-se um milagre. As igrejas se abriram, velhos templos pagãos foram reformados, e a vida clandestina e martirizada dos evangelistas e dos seguidores de Cristo cessou como que por encanto.
A conversão da dinastia romana fora tão sincera que a imperatriz-mãe Helena, a Santa Helena, e suas filhas, pessoalmente, em histórica viagem à Terra Santa, cuidaram da restauração do Santo Sepulcro em Jerusalém. A ocasião do aniversário era tão magnífica que Eusébio decidiu-se apresentar na cerimônia uma teologia política para fixar qual o papel do imperador no universo do Cristianismo oficializado.
“É um novo Moisés!”, assegurou Eusébio à corte presente. Constantino, tal o patriarca judeu, salvara o monoteísmo das injurias do politeísmo. Assim, se o Reino do Céus é governado por um só Pai, o mundo terreno o é por César. Ele é o lugar-tenente de Deus de quem recebeu, pela intermediação de Cristo, a função de assegurar na terra “o plano de Deus para os homens”. Designando-o como “pastor, pacificador, mestre, médico das almas e pai”, Eusébio, em êxtase, chamou-o de “amigo e predileto de Deus”(Laud. Constant., 5; 7,12).
A igreja e os impérios
Ao desabar o colosso romano-ocidental no século V, O Papado, em substituição ao império caído, aproximou-se dos régulos bárbaros e, depois, do Império Carolíngeo. Ao dissolver-se este em 843, transferiu-se para o Sacro Império Germano, fundado em 962, com quem, desde o início, travou um embate pela liderança da Cristandade. A mitra e a coroa viviam em rixas, mas, faces do mesmo rosto, nunca imaginaram cindir-se.
Abalado e estremecido pela Reforma do século 16, o Papado aliou-se ao Império de Carlos V, e com todos os reis ibéricos que o sucederam. Até Napoleão, o aventureiro que juntara sua coroa no entrevero da Revolução Francesa – que tanto machucara e ofendera os padres - , acertou uma concordata com a Igreja Católica Romana.
Igreja e o Império Americano
O misterioso e proveitoso acordo Reagan-Woityla de 1982, talvez explicasse o estranho silêncio da Cúria Romana frente aos bombardeios sofridos pela Iugoslávia na época do governo de Milosevich. Afinal, trata-se de uma nação seguidora de Cristo - se bem que ortodoxa, mas ainda assim cristã. O Papado não se manifestou nem mesmo quando a aviação aliada (majoritariamente norte-americana), por mais de 70 dias, decolando do próprio solo italiano declaradamente para ir matar, começou a destroçar Nis, justo a velha Nissa, a cidade onde Constantino nasceu há 17 séculos atrás.
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